Eng. Amândio Miranda à esquerda e Eng. Joaquín Correia
Portugal é um país com tradição no processamento da resina do pinheiro. Até aos anos 70, era um grande produtor e chegou a ser o segundo maior produtor mundial de resina de pinheiro. Apesar, de após a década de 70, ter perdido capacidade produtiva, nunca perdeu a capacidade de processamento e continuaram a existir pequenas destilarias a processar a resina do pinheiro.
Em 2013, uma parte dos acionistas fundadores da Gum Chemical Solutions tiveram a ideia de criar, em Portugal, uma empresa de processamento de resina do pinheiro mais moderna e tecnológica, mantendo os princípios tradicionais da atividade.
Em 2015, iniciaram a construção, no final desse ano foram realizados os primeiros ensaios e em 2016 iniciaram a laboração.
Estivemos à conversa com o Eng. Joaquín Correia, Responsável pelo Departamento de Novos Projetos.
O Eng. Joaquín Correia estudou Engenharia Química e Engenharia Civil. Durante alguns anos exerceu funções na indústria química, depois desenvolveu trabalho na área da energia, nomeadamente o gás, e hoje, está na Gum Chemical como Responsável pelo Departamento de Novos Projetos.
Na Gum Chemical, começou por acompanhar a construção da unidade industrial e a instalação dos equipamentos.
“Costumava dizer aos empreiteiros para terem cuidado porque o arbitro era da casa!”
– Eng. Joaquín Correia
Quando a Gum Chemical iniciou atividade o Eng. passou para a área da produção e hoje está no Departamento de Novos Projetos. Contudo, ainda hoje, tudo o que sejam alterações na área da construção civil ou mecânicas ainda passam pelo Engenheiro.
Durante estes sete anos, o maior desafio do Eng. Joaquín Correia foi arrancar do zero com o projeto da Gum Chemical e a situação mais caricata aconteceu no rebentamento de uma camisa de vapor.
“Começar a Gum não foi fácil! Foi duro, mas também foi giro!”
– Eng. Joaquín Correia
“Tivemos o rebentamento de uma camisa de vapor em que eu saio disparado do meio da nuvem de vapor! Agora acho piada, mas na altura foi um pouco assustador.”
– Eng. Joaquín Correia
A GUM CHEMICAL SOLUTIONS
Instalações Gum Chemical Solutions em Cantanhede
A falta de investimento na floresta portuguesa, a resinagem artesanal e o volume de produção reduzido, exigem que a Gum Chemical importe matéria-prima do exterior, sendo o principal fornecedor a América do Sul.
“Portugal produz quantidades de goma bruta do pinheiro muito reduzidas, que serviriam para alimentar a Gum apenas durante 3 meses. Como tal, é necessário importar a matéria-prima, já chegamos a receber amostras do sul de África, mas o nosso grande fornecedor é a América do Sul. Continuamos sempre à procura de novos fornecedores, por exemplo, neste momento estamos à espera de matéria-prima da Indonésia.”
– Eng. Joaquín Correia
A resina de pinheiro (goma bruta do pinheiro) produzida em Portugal chega à Gum Chemical em bidões metálicos, enquanto a resina de pinheiro importada da América do Sul é transportada em sacos plásticos que, para manter o seu formato quando são carregados nos contentores, são embalados em caixas de cartão.
A Gum Chemical recebe diariamente cerca de 70T de resina de pinheiro, que é transformada nas suas componentes fundamentais, a terbentina e a colofónia.
“Produzimos dois produtos, a terbentina, a velhinha aguarrás, que há muita gente que nos tempos que correm nem sabem o que isso é, e a colofónia, que os antigos chamam de Pez.”
– Eng. Joaquín Correia
O produto produzido em maiores quantidades é a colofónia, que representa entre 65% e 70% da produção. A colofónia pode ser utilizada para a produção de vários produtos, como colas, tintas, vernizes e ceras depilatórias, que correspondem a diferentes intervalos de caraterísticas.
“Os nossos clientes podem selecionar um intervalo mais apertado, mas nunca fora do intervalo definido. Temos sorte, porque quando não sai tão bem, sabemos que outro cliente vai querer. Obviamente que tentamos acertar sempre à primeira.”
– Eng. Joaquín Correia
O Eng. Joaquín Correia não considera que a resina de pinheiro portuguesa seja melhor que as outras, apenas permite fazer coisas que as outras resinas não permitem, da mesma forma que as outras resinas permitem fazer coisas que a portuguesa não permite. O Engenheiro refere que como os pinheiros, as espécies e os climas são diferentes, a resina é produzida em quantidades e com caraterísticas diferentes. Como tal, a origem da resina define o produto final que se consegue obter, dentro de um determinado intervalo.
O processo produtivo na Gum Chemical está de tal forma automatizado, que não existem operadores de máquinas, existem pessoas que acompanham o processo produtivo.
Até hoje, o processo produtivo da Gum Chemical é considerado um processo químico, mas não existem reações químicas, é apenas realizada a destilação e filtração.
“O único produto de uso humano que tem colofónia em grande quantidade e quase sem transformação química, apenas com a adição de outros componentes, é uma coisa que não lembra a ninguém, lembra apenas as senhoras que visitam a Gum! Quando visitam a Gum, dizem que cheira a cera depilatória.”
– Eng. Joaquín Correia
Instalações Gum Chemical Solutions em Cantanhede
O processo produtivo da Gum Chemical é just-in-time, sem necessidade de grande armazenamento do produto, pois existe facilidade no escoamento do produto.
Segundo o Eng. Joaquín Correia, o processo de –transformação da resina de pinheiro é relativamente rápido o que prolonga o processo é o tempo de transporte da matéria-prima e do produto final.
Adicionalmente, o processo produtivo é relativamente rápido. Os maiores tempos são os de chegada da matéria-prima à Gum Chemical e na chegada do produto ao cliente.
A capacidade produtiva da Gum Chemical pode chegar às 100T por dia. Contudo, os congestionamentos nos transportes marítimos causaram grandes flutuações na produção.
“Os congestionamentos influenciam muito o preço da matéria-prima. A Gum depende totalmente da chegada da matéria-prima e da saída de produto, porque não temos capacidade de armazenagem infinita. Sofremos muito com a terbentina, que é um líquido transportado em cisternas contentorizadas, estas tiveram uma escassez ainda maior do que os contentores tradicionais. Pagássemos o que pagássemos não tínhamos transporte.”
– Eng. Joaquín Correia
Os clientes da Gum Chemical estão inseridos na indústria de segunda transformação da resina de pinheiro, ou seja, processam a terbentina e a colofónia.
Os seus clientes estão localizados, maioritariamente, na India, China e Europa. E apesar de venderem em Portugal, cerca de 50% dos produtos produzidos pela indústria de segunda transformação acabam por ser exportados.
“Não estamos dependentes de um só destino, mas também não nos podemos dar ao luxo de selecionar destinos. O nosso Departamento Comercial está sempre à procura de novos clientes.”
– Eng. Joaquín Correia
O Departamento de Investigação e os protocolos com a Universidade de Coimbra permitem que a Gum Chemical esteja sempre na vanguarda da inovação e na frente do mercado.
Este importante fator, possibilitou a implementação de um novo projeto com o desenvolvimento de um novo processo produtivo, ao qual, a instalação da segunda Báscula Ponte Pesa Camiões irá fazer parte.
“A Gum não é a única indústria de transformação da goma bruta do pinheiro, mas é a maior. Mesmo quando foi criada, penso que seria a maior a nível mundial. Hoje, continuamos na frente em termos de quantidade de processamento e de tecnologia. Desde 2016, se tivemos um mês sem pequenas alterações, aditamentos, modificações, aumentos, foi muito. A Gum está sempre a mexer! A nível da Barcelbal, é que é, uma média de uma Báscula de 6 em 6 anos (risos), mas também não podemos instalar básculas em todo o lado.”
– Eng. Joaquín Correia
A Gum Chemical está na frente do mercado da transformação da resina de pinheiro e fatura em média 22 milhões de euros por ano.
A SUSTENTABILIDADE NA INDÚSTRIA DA RESINA DE PINHEIRO
Instalações Gum Chemical Solutions em Cantanhede
A Gum Chemical insere-se em um setor de atividade com elevados custos energéticos. Pois o processo de transformação consome muita energia, pois do princípio ao fim a colofónia tem que estar sempres aquecida a temperaturas elevadas na ordem dos 170º. Para reduzir os custos energéticos, a Gum Chemical trabalha 24h por dia e 330 dias por ano, porque as paragens implicam que tudo arrefeça e os custos para retomar a atividade são elevados.
“Desde sempre que tivemos o cuidado e procuramos otimizar o uso da energia. Imaginem uma destilaria pequena que trabalha apenas 12h por dia e pára ao fim-de-semana, para além de ter uma produtividade reduzida, e custos energéticos altos. Estas destilarias tem o seu nicho, por exemplo, para nós como a goma bruta do pinheiro é produzida em quantidades reduzidas, e, por vezes não faz sentido ser inserida no nosso processo produtivo. “
– Eng. Joaquín Correia
Em Portugal, muitos dos clientes da Gum Chemical recebem a colofónia líquida, o que permite a redução dos custos energéticos. Contudo, quando é exportada tem que ser enviada sólida, o que implica elevados custos energéticos no reaquecimento da colofónia quando chega ao cliente.
“A Gum está na fileira do pinheiro, que trabalhada desde o início, é algo bonito, porque pode ser sustentável! Muitos dos clientes da Gum competem com a indústria dos derivados de petróleo. Estes clientes tiveram uma quebra nas últimas dezenas de anos porque o petróleo tornou-se corrente, mas como existem produtos que não podem ser substituídos totalmente pelos derivados do petróleo continuou a existir mercado. Neste momento, com o reconhecimento da importância do meio ambiente, já existe um interesse acrescido em pagar um pouco mais por um produto que faz parte de uma fileira sustentável.”
– Eng. Joaquín Correia
Apesar do processo de transformação da resina de pinheiro ser natural e orgânica, a Gum Chemical detém certificações de qualidade ambiental e de segurança.
“Desde que exista um bom relacionamento entre os agentes a fileira do pinheiro pode ser sustentável, falando da Gum, apesar dos diferentes interesses entre as diversas áreas, as coisas tem evoluído bem. “
– Eng. Joaquín Correia
IMPORTÂNCIA DAS BALANÇAS NO PROCESSO PRODUTIVO DA GUM CHEMICAL
Báscula Ponte Pesa Camiões Metálica Barcebal instalada na Gum Chemical Solutions
“A balança é tudo (risos). Atenção, não é passar-vos a mão no pelo, mas é verdade!”
– Eng. Joaquín Correia
A Gum Chemical compra a resina de pinheiro e vende a terbentina e a colofónia a peso. Como tal, a Báscula Ponte Pesa Camiões instalada na Gum Chemical é utilizada para controlo das entradas de matéria-prima e saída de produto.
Existem outras balanças no seu processo produtivo, mas a pesagem final é sempre efetuada na Báscula Ponte Pesa Camiões.
“Um camião que leva 24 paletes tem que apresentar um determinado intervalo de peso. Quando o peso não se encontra nesse intervalo, liga-se logo para a produção a perguntar se o peso está correto. Já detetamos falhas na produção através da Báscula.”
– Eng. Joaquín Correia
A primeira Báscula Ponte Pesa Camiões instalada na Gum Chemical é metálica com rampas de betão. Já a segunda é metálica e embutida no solo. Ambas apresentam dimensões de 16x3m e alcance de 60T.
A Gum Chemical utiliza também o Software TruckinGest para efetuar o controlo das pesagens de ambas as básculas.
“A Barcelbal sempre foi humilde o suficiente para nos ouvir e não nos impor soluções. Vocês sugerem e conversam connosco. Essa é a grande diferença. Não existiu nenhuma situação que eu me lembre de termos optado pela vossa concorrência. Até porque não é apenas a Báscula, vocês prestam também serviços de assistência. Aliás, ainda há pouco tempo pedimos uma alteração no software, para que os dados exportados fossem integrados para os nossos mapas diários.”
– Eng. Joaquín Correia
Báscula Ponte Pesa Camiões Metálica Barcebal instalada na Gum Chemical Solutions
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