Inicialmente a Quinta do Vallado tinha como principal atividade a produção de Vinhos do Porto que ao longo do tempo seriam comercializados pela empresa familiar – a Casa Ferreira. Esta situação manteve-se até 1987, data em que a Casa Ferreira foi vendida, e nesse momento novos desafios surgiram e a empresa decidiu alargar a sua atividade à produção, engarrafamento e comercialização de vinhos com marca própria.
Como o Douro era apenas conhecido pelo Vinho do Porto, foi necessário um grande esforço de marketing para dar a conhecer os vinhos DOC da região.
“Foi necessário a conjugação das várias quintas do Douro para conseguirmos promover a região no mercado internacional!”
– Eng. Catarina Penelas
O aumento do reconhecimento da qualidade dos vinhos da Quinta do Vallado e a consequente procura, impulsionou a construção de uma nova adega com capacidade produtiva que desse resposta às necessidades do mercado. Em 2008, iniciaram as obras de construção da nova adega, um investimento de cerca de 5 milhões de Euros, que permitiu à Quinta do Vallado dar resposta à grande procura no mercado.
“No Vallado procuramos aumentar a produção todos os anos, mas sem nunca perder a qualidade dos nossos vinhos. Felizmente está a correr bem!”
– Eng. Catarina Penelas
Hoje, com 100 hectares de vinha e reconhecida mundialmente pela qualidade dos seus Vinhos do Douro e Vinhos do Porto, a Quinta do Vallado aplica a tecnologia ao sistema artesanal de produção do vinho para dar resposta ao mercado e manter a qualidade dos seus vinhos.
Os vinhos da Quinta do Vallado são comercializados em Portugal, EUA, Brasil, Reino Unido e Asia. Os vinhos mais comercializados no mercado nacional são os vinhos da gama de entrada e no mercado internacional os vinhos de topo.
Para além da produção de vinho, a Quinta do Vallado dedica-se ao Enoturismo, como a estadia no Hotel Quinta do Vallado ou na Casa do Rio e a realização de tours, visitas e provas.
“O Enoturismo é de grande importância para a Quinta do Vallado pois ajuda a dar a conhecer os nossos vinhos!”
– Eng. Catarina Penelas
A Eng. Catarina Penelas – Responsável pelo Departamento de Controlo de Qualidade
A Eng. Catarina Penelas estudou Enologia na UTAD e começou a trabalhar na Adega Cooperativa de Meda, onde esteve durante 7 anos. Em 2010, começou o seu novo cargo como Responsável do Departamento de Controlo de Qualidade na Quinta do Vallado.
Como Responsável do Departamento de Controlo de Qualidade, colaborou na definição de uma estratégia que permitisse o controlo de todo o processo produtivo do vinho, desde a chegada da uva, até ao engarrafamento do vinho.
“Nunca quis um trabalho rotineiro, queria um trabalho em que todos os dias fossem diferentes.”
– Eng. Catarina Penelas
A produção de vinho na Quinta do Vallado
A Adega da Quinta do Vallado está organizada por gravidade. A receção das uvas é realizada no ponto mais alto da adega, e à medida que o processo produtivo do vinho evoluí, o vinho vai descendo até ao piso zero onde fazem o engarrafamento.
As vinhas
Atualmente, a Quinta do Vallado tem 65 hectares de vinha no Baixo Corgo dos quais fazem parte 10 hectares de vinhas velhas plantadas entre as décadas de 1920 e 1950, nas quais se destacam a Vinha da Granja, 1929, e a Vinha da Coroa, 1958. São um dos principais patrimónios que a Quinta do Vallado herdou das gerações passadas, pois têm um enorme potencial para produzir vinhos fora de série.
Em Vila Nova de Foz Côa, a Quinta do Vallado adquiriu a Quinta do Orgal onde, a partir de 2009, foram plantados 35 hectares de vinha, na qual se pratica agricultura biológica, procurando respeitar o equilíbrio ambiental.
A qualidade da uva é imprescindível na Quinta do Vallado, como tal, foi criado o Departamento Agrícola que garante os níveis de qualidade exigidos para a produção dos seus vinhos. Adicionalmente, as monocastas, vinhas velhas e vinhas de produtor são vinificadas separadamente. Posteriormente, a equipa de enologia faz o lote é que define quais os vinhos a misturar.
“Na adega tentamos potenciar a qualidade das uvas. Ninguém faz milagres! Não se faz bom vinho com uva de baixa qualidade.”
– Eng. Catarina Penelas
A primeira casta a ser vindimada na Quinta do Vallado é a casta moscatel galego, pois é uma casta muito sensível e tem um período ótimo de maturação muito curto. Esta casta é utilizada para produzir o vinho Prima, nome Prima pelo facto de ser a primeira a ser vindimada.
“Temos a necessidade de visitar a vinha de 2 em 2 dias para perceber como está a evoluir e qual a altura de iniciar a vindima.”
– Eng. Catarina Penelas
A falta de mão-de-obra no Douro é conhecida, apesar de a Quinta do Vallado ter 20 funcionários efetivos para a vindima, não é o suficiente. A única forma de conseguirem mão-de-obra é através de empreiteiros agrícolas.
“Não sei onde o Douro vai parar! Cada ano é pior e as características do Douro exigem que o trabalho seja realizado por pessoas.”
– Eng. Catarina Penelas
A receção da uva
Báscula Ponte Pesa Camiões da Quinta do Vallado
Na Quinta do Vallado a vindima demora cerca de um mês e meio. Durante esse mês e meio, a equipa não tem descanso, pois é o seu trabalho nesse período que irá definir os vinhos que saem para o mercado dentro de dois anos.
As uvas chegam em caixas de 20kg, que são pesadas na Báscula Ponte Pesa Camiões da Barcelbal. Este é um processo muito importante para a Quinta do Vallado, visto que o peso das caixas não pode ultrapassar os 20/22kg e, caso aconteça, significa que a uva já está esmagada.
A Báscula Ponte Pesa Camiões apresenta dimensões de 8×2.60 m e alcance de 30 t. Em, 2009, quando construíram a nova adega, a Quinta do Vallado modificou a Báscula Ponte Pesa Camiões de Mecânica para Eletrónica a fim de garantir máxima eficácia, precisão e eficiência nas pesagens.
“Trabalhamos juntos desde sempre e só tenho coisas boas a dizer! Estamos satisfeitos. Sempre que foi necessário a Barcelbal esteve presente para ajudar.”
– Eng. Catarina Penelas
Depois de ser pesada na Báscula Ponte Pesa Camiões da Barcelbal, a uva passa no tapete de seleção onde é realizada a triagem e são rejeitadas todas as uvas que não apresentam bom estado.
A Quinta do Vallado utiliza duas linhas de receção da uva, uma fixa e outra móvel. A linha móvel permite que as uvas utilizadas nos vinhos de topo não sejam alvo da ação da bomba, ou seja, são descarregadas diretamente para a cuba por ação da gravidade. O que possibilita que a equipa de enologia potencie ainda mais a qualidade da uva.
A fermentação
Adega da Quinta do Vallado
Na Quinta do Vallado a fermentação é realizada em lagares de pedra de granito onde utilizam o método artesanal com pisa a pé e em cubas com e sem bomba de remontagem, todas com sistema de refrigeração. As cubas que não tem bomba de remontagem, dispõem de um robô com uma pá que se move ao longo dos carris e faz uma remontagem mais suave.
Os lagares de granito são utilizados principalmente para a vinificar os vinhos do porto vintage ou as vinhas velhas.
Todas as cubas estão ligadas a um sistema informático que permite controlar a temperatura, a frequência da bomba de remontagem e emite alertas quando a cuba não está conforme o programado. Mas a Eng. Catarina Penelas afirma que, de qualquer forma, a equipa controla manualmente todos os processos.
O estágio
Adega Quinta do Vallado
Depois de sair da cuba, o vinho faz o estágio em barricas de carvalho francês de 225 L, durante 1 a 2 anos. Durante o estágio, a equipa de enologia analisa e prova todas as barricas 1 vez por mês, para controlar o processo evolutivo do vinho.
As barricas estão devidamente identificadas para ser possível a rastreabilidade do vinho e são utilizadas apenas 4 a 5 vezes, visto que como absorvem vinho, acabam por perder as caraterísticas e qualidade que detinham inicialmente.
“Manter o vinho em estágio tem custos bastante elevados! Primeiro, o custo de cada barrica, depois o custo do vinho que é perdido ao longo do estágio e o consumo energético para manter a cave nas condições ideais.”
– Eng. Catarina Penelas
O engarrafamento
O engarrafamento do vinho é a última fase do processo produtivo realizada na Quinta do Vallado, uma vez que a rotulagem e expedição foram deslocadas para Vila Real, por falta de espaço.
Em 2010, a Quinta do Vallado engarrafou cerca de 400.000 garrafas e, em 2021, engarrafou quase 1.400.000 garrafas de vinho e pretende aumentar ainda mais.
“Este ano estamos com muita dificuldade no fornecimento de garrafas, pois muitas das garrafas são produzidas na Europa de Leste. E, ao nível de embalagem e rótulos já temos de encomendar um ano de antecedência.”
– Eng. Catarina Penelas
Os Vinhos
A Quinta do Vallado apresenta uma vasta gama de vinhos. Segundo a Eng. Catarina Penelas, os vinhos tintos mais consensuais são o Touriga Nacional e o Reserva Field Blend, e para quem gosta de vinhos brancos frutados e aromáticos, o preferido é o Prima.
“O Adelaide não sai para o mercado todos os anos, só em anos de elevada qualidade. Estivemos em provas do Adelaide de 2017 e ainda não sabemos quando irá para o mercado.”
– Eng. Catarina Penelas
O Vinho do porto
Adega Vinho do Porto Quinta do Vallado
O estágio do Vinho do Porto é bastante distinto dos vinhos DOC. Na cave de tonéis de Vinho do Porto não há controlo da temperatura e humidade, como acontece na cave de barricas de Vinhos DOC. Aqui, a humidade e temperatura são naturais e os tonéis são em castanho.
“O Vinho do Porto quer tranquilidade e tempo! Por exemplo, as trovoadas podem interferir com um tonel de vinho do porto. Ás vezes com a trovada pode levantar um pouco o deposito, ou um tonel começar a melar.”
– Eng. Catarina Penelas
A sustentabilidade
O setor de atividade da Quinta do Vallado depende diretamente do meio ambiente, pois sem ele não há forma de produzir vinho. Como tal, a Quinta do Vallado desenvolve várias ações para contribuir ao máximo para a proteção do meio ambiente e no combate das alterações climáticas.
Para além da separação dos resíduos e da poupança energética com luzes LED, a Quinta do Vallado instalou um sistema de tratamento de água para poder captar a água do rio e utiliza-la na produção. Após a sua utilização, após passar por uma estação de tratamento de águas residuais, a água é enviada novamente para o rio.
Adicionalmente, a Quinta do Vallado preocupa-se em trabalhar com fornecedores que apresentem uma pegada ecológica com menor produção de CO2, cria campanhas de sensibilização internas para a redução do consumo de água e de energia, e foram instalados painéis solares.
Além disso, apesar de ainda terem algumas vinhas em conversão para agricultura biológica, uma grande parte das vinhas velhas da Régua e as vinhas no Douro Superior já são todas biológicas.
Segundo a Eng. Catarina Penelas, a Quinta do Vallado ajuda no que pode, pois com a falta de chuva e as temperaturas cada vez mais elevadas, a maturação da uva é precoce que exige que a vindima seja realizada cada vez mais cedo, cerca de 2 semanas antes do habitual.
“Em 2017, começamos a vindima do moscatel a 9 de agosto. Nunca tinha acontecido, a 9 de agosto habitualmente estávamos de férias”
– Eng. Catarina Penelas
O sucesso da Quinta do Vallado, é o nosso sucesso!